Um novo livro!
Novo sonho.
Quando um escritor coloca um ponto final num livro, alguma coisa acontece no seu coração: uma mistura de esperança e insegurança.
O pavor do julgamento cresce como bolo de vó em dia quente.
Afinal, como dizia Jean Paul Sartre, “O Inferno são os outros”.
Jogar sua história para o mundo quer dizer arremessar ao vento sua própria sombra, ou um precioso tesouro particular construído ao longo de dias e meses de batuque num teclado de laptop.
A espera pela sentença é torturante. Um júri composto por pessoas com enormes diferenças de interesses, histórias de vida conflitantes, opiniões e visão de mundo distintas vai decidir o veredito já nas primeiras página
Sim ou não? Aquelas palavras ajuntadas com tanto zelo em capítulos organizados com tanto esforço conseguirão carregar o leitor para dentro da história?
A tortura é ainda maior num país como o Brasil, onde o banco dos jurados é minúsculo. Apenas 16% da população comprou algum livro nos últimos 12 meses no nosso país.
Esses poucos leitores são disputados na base de tapa e soco inglês. Nessa guerra, o contador de histórias precisou virar caçador de seguidores e mascate vendedor em plataformas digitais. Ainda assim, nem o melhor vendedor, nem o melhor autor está imune. Não existe garantia. Se a editora falhar, o livro não chega nas prateleiras das livrarias. Se a crítica não gostar, se os leitores não comprarem, se os seguidores detestarem, ou cancelarem.
Os “Se” são numerosos e assustadores.
Nossa população leitora precisa crescer. Pais e mães, avós e amigos necessitam entender que um livro é um tesouro de presente, o despertador da imaginação e o instigador do saber. Ler uma história faz crescer os braços que podem abraçar vários universos, cruzar os oceanos mais intensos e improváveis e nadar como um peixe curioso num poço de conhecimento.
E eu, mergulhada no meu oceano de palavras e textos, entre folhas de papel com nomes de personagens, frases soltas e anotações espalhadas pela casa, sigo agarrada à escrita, sempre tentando laçar a atenção de mais um leitor.
Vem aí um novo livro.